UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FORMULÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA
 

UNIDADE: FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO: DEPTO. DE ESTUDOS APLICADOS AO ENSINO
DISCIPLINA: Educação Estética
CARGA HORÁRIA: 60 CRÉDITOS: 4 CÓDIGO: EDU02-15530
MODALIDADE DE ENSINO: Presencial TIPO DE APROVAÇÃO: Nota e Frequência
 
STATUSCURSO(S) / HABILITAÇÃO(ÕES) / ÊNFASE(S)
ObrigatóriaEDU - Pedagogia (versão 5)

TIPO DE AULA CRÉDITO CH SEMANAL CH TOTAL
Teórica2230
Prática/
Trabalho de Campo
2230
TOTAL 4 4 60

OBJETIVO(S):

Expandir e complexificar o conceito de estética, deslocando-o de uma aderência "fria" exclusiva às obras de arte, como hegemonicamente é concebido, a uma concepção etimológica e "quente" a partir do termo grego aisthesis, assim como avaliar as implicações deste deslocamento conceitual no campo educacional.
Entender o lugar de ruptura que a dimensão estética, especialmente nessa concepção, assume na crise do paradigma epistemológico da modernidade, assim como sua potência política nos processos de descolonização que emergem nesta crise.
Investigar o lugar do corpo enquanto dispositivo sensitivo onde acontece a experiência estética.
Buscar compreensões às transformações que esta crise epistemológica e conceitual provoca nas relações entre educação e estética.
Pensar os efeitos na formação das subjetividades populares, especialmente em jovens periferizados, protagonistas de nossa educação pública, de uma concepção exclusivista que hegemonicamente entende as Artes, suas linguagens, repertórios e lugares outorgados, como espaço privilegiado da experiência estética. Nesse ensejo, estudar um panorama histórico e social da formação do sistema das Artes no ocidente e seus possíveis alinhamentos políticos.
Abordar criticamente o lugar curricular marginal do campo das Artes na concepção de conhecimento, assim como as limitações culturais, sociais, étnicas, raciais e políticas dos repertórios que majoritariamente alimentam suas metodologias.
Esmiuçar um repertório estético popular, tanto contemporâneo quanto tradicional, alijado do que geralmente se compreende por educação estética, não somente na intenção de ampliação de repertórios, mas principalmente na busca das suas conceitualidades, sofisticações de linguagem, maneiras de existir e conhecer, mas que são notadamente desperdiçadas dos currículos quando os conceitos de Arte, Cultura e Estética ficam circunscritos às suas concepções hegemônicas e excludentes.
Cruzar conceitualidades críticas da arte contemporânea com outras conceituações percebidas em manifestações estéticas populares, desrespeitando as delimitações fronteiriças que geralmente as segregam, intencionando com isso enfraquecer as hierarquias e os efeitos danosos das mesmas no processo de percepção e construção de si dos estudantes, notadamente os de escola pública.
Pensar a dimensão estética nas questões que envolvem diferença, identidade, diversidade e subjetividade.
Compreender a dimensão estética também como linguagem, numa acepção ampla que inclui as visualidades, sonoridades, corporeidades, mas também o cruzamento destas com a escrita e leitura de si e do mundo, incluindo aí a dimensão ontológica, autopoiética, também das palavras em suas variadas formas estéticas de escrita. O rap, o funk, o samba, o jongo, a poesia marginal e de cordel, a pichação, o graffiti, como letramentos populares marginais epistemologicamente e metodologicamente potentes aos desafios e crises que balançam a educação estética na contemporaneidade.
Trabalhos de campo com visitas a espaços de interesse do curso, tais como centros culturais, museus, galerias, locais de interesse histórico-cultural, terreiros, escolas-se-samba, rodas de capoeira, rodas de rima, barracões de escola de samba, estádios de futebol, cinemas, teatros, lonas culturais, pontos de cultura, áreas da cidade com arte urbana, saraus, escolas públicas, festivais de arte em geral, festas populares, feiras tradicionais, etc.
Elaborar propostas pedagógicas a partir dessas problemáticas anunciadas, abordando criticamente questões metodológicas que atravessam o ensino, as artes, a cultura e a dimensão estética da vida.

EMENTA:

TEÓRICA:
As limitações do conceito de estética na crise paradigmática moderna. O termo grego "aisthesis" em oposição à ideia de anestesia. Os efeitos políticos e epistemológicos dessa crise nas concepções de educação estética. Estética e descolonização. História da formação ocidental do sistema das artes outorgadas, bem como seus efeitos políticos, sociais e epistemológicos na educação pública. Efeitos da institucionalização do fazer artístico, assim como da ideia de bom gosto, na formação das subjetividades dos estudantes e da vida popular. Experiência estética e conhecimento. Estética, diferença e identidade. Repertório estético popular, suas linguagens, formas de ser e conhecer. Conceitualidade nas artes contemporâneas e nas estéticas populares. Corporeidades. Estética, linguagem e letramento popular.

PRÁTICA:
Trabalhos de campo em locais que propiciem experiências estéticas diversificadas. Ampliação de repertório estético. Elaboração de propostas pedagógicas.


DISCIPLINA(S) CORRESPONDENTE(S):

EDU02-08064 Educação Estética
 
BIBLIOGRAFIA:

BARTHES, Roland. O grau zero da escrita: seguido de novos ensaios críticos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
BATAILLE, Georges. A parte maldita, precedida de "A noção de dispêndio". Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
BLANCHOT, Maurice. A conversa infinita: a palavra plural. São Paulo: Escuta, 2010.
BLANCHOT, Maurice. A conversa infinita 2: a experiência limite. São Paulo: Escuta, 2007.
CASTORIADIS, Cornelius. Janela sobre o caos. São Paulo: Ideias e Letras. 2009.
COELHO, Gustavo. Deixa os garotos brincar. Rio de Janeiro: Multifoco, 2016.
DANTO, Arthur. Após o Fim da Arte: a arte contemporânea e os limites da história. São Paulo: Odysseus, 2006.?
DANTO, Arthur. O filósofo como Andy Warhol. ARS, n. 4, São Paulo, 2004, pp. 99-115.
DANTO, Arthur. O mundo da arte. Artefilosofia, n. 1, Ouro Preto, 2006, pp. 13-25.
DELEUZE, Gilles. A lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 2011.
DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. 4. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2009.
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Curitiba: Criar Edições Ltda., 2001.
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Por que arte-educação? Campinas: Papirus, 1983.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
FRAYZE-PEREIRA, João A. Arte, dor: inquietudes entre estética e psicanálise. Cotia: Ateliê Editorial, 2005.
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2010.
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Atmosfera, ambiência, Stimmung: sobre um potencial oculto da literatura. Rio de Janeiro: Contraponto: Editora PUC Rio, 2014.
HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte.São Paulo: Edições 70, 2010.
LINS, Daniel. Ameríndios: o corpo como obra de arte. In: FEITOSA, Charles. BARRENECHEA, Miguel. PINHEIRO, Paulo. (org.) Nietzsche e os gregos: arte, memória e educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A estetização do mundo: viver na era do capitalismo artista. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
MACA, Nelson. Gramática da Ira. Salvador: Editora Blackitude, 2015.
MAFFESOLI, Michel. A sombra de Dionísio: contribuição a uma sociologia da orgia. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
MAFFESOLI, Michel. A parte do diabo. Rio de Janeiro: Record, 2004.
MAFFESOLI, Michel. O ritmo da vida: variações sobre o imaginário pós-moderno. Rio
de Janeiro: Record, 2007.
MERLEAU-PONTY, Maurice. A prosa do mundo. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
NASCIMENTO, Abdias do. Sortilégio II: mistério negro de zumbi redivivo. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. São Paulo: Escala, 2006.
NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia. São Paulo: Escala, 2007.
SAFATLE, Vladimir. O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.
SCHILLER, Friedrich. A Educação Estética do Homem. Tradução Roberto Scwarz e Márcio Suzuki. São Paulo: Editora Iluminuras, 1990.
SILVA, Wallace Lopes (org.). Sambo, logo penso: afroperspectivas filosóficas para pensar o samba. Rio de Janeiro: Hexis: Fundação Biblioteca Nacional, 2015.
SIMAS, Luiz Antônio. LOPES, Nei. Dicionário da História Social do Samba. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
SMIERS, Joost. Artes sob pressão: promovendo a diversidade cultural na era da globalização. São Paulo: Escrituras Editora: Instituto Pensarte, 2006.
TAYLOR, Roger L.. Arte inimiga do povo. São Paulo, SP: Conrad, 2006.
VICTORIO, Aldo. Estéticas nômades: outras histórias, outras estéticas, outros... ou o funk carioca: produção estética, epistemológica e acontecimento. In: Visualidades - Revista do Programa de Mestrado em Cultura Visual. Volume 6. Número 1 e 2. 2008.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo B. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo B. Metafísicas Canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2015.